Chineses visitam lojas de móveis para passear e dormir




Há 15 anos em solo chinês, a megastore sueca Ikea parece ter finalmente conquistado os consumidores chineses. Com uma dúzia de lojas espalhadas pelo país, qualquer uma delas pode ser vista, em qualquer dia da semana, repleta de visitantes. Mas uma boa parte desse contingente está lá simplesmente para descansar ou até mesmo para dormir.
"O showroom da empresa é um modelo bem adaptado ao estilo de consumo dos chineses, então eles se sentem confortáveis lá, seguros. E ainda podem descansar durante o dia ou fugir da poluição e do calor, ou do frio", explica Tara Hirebet, chefe para o mercado asiático da consultoria de tendências TradeWatching.

A Ikea é especializada na venda de móveis domésticos de baixo custo, porém com estilo, e seus produtos são criados para que sejam montados pelos próprios clientes. No conceito de vendas da empresa, o mobiliário é exposto de forma que permite o visitante passear pelos ambientes e testar seus produtos.
O que na China é levado a sério pelos clientes. Não é raro ver gente sentada conversando ao redor de mesas por muito tempo e até dormindo em camas e sofás.

Cultura

Consumo para os chineses é uma atividade recreacional. Dezenas de ruas e hutongs (becos e ruas estreitas) de compras em Pequim ficam lotadas de pessoas que estão ali apenas para caminhar, ou encontrar os amigos.
O mesmo ocorre nas lojas da Ikea. "Muitos jovens encontram seus amigos lá para um café ou almoço. E depois passeiam pela loja, viajam na ideia da vida no exterior", diz Hirebet.
A mistura de entretenimento com consumo é essencial para os chineses. Tara Hirebet conta que foram feitas parcerias entre lojas de eletrodomésticos e marcas de café para apresentar a bebida aos consumidores chineses. "Eles não têm costume de tomar café, mas sentam em uma poltrona para ver televisão na loja e recebem uma xícara e passam a experimentar aquele estilo de vida."
Para Zhou, funcionário da Ikea, o uso dos móveis no mostruário como recreação complica o trabalho, mas não há o que fazer. "Quando tem mais movimento eu peço às pessoas para se retirarem. Quando eles saem, arrumo as camas novamente para quem realmente está aqui para comprar."

Conforto

Às 19h, a loja de Guangzhou, a terceira maior franquia da rede no país, está lotada. Já não há mais cadeiras disponíveis, e o horário do jantar para os chineses (geralmente às 18h) está acabando.




Visitantes se espalham pelo showroom; uns assistem televisão em um apartamento montado no mostruário. Outros deitam nas camas e conversam. Crianças e seus avós brincam pelos corredores, e muitas famílias sentam para tomar chá, trazido de casa, depois da refeição.
Segundo Hirebet, o sucesso do modelo da firma sueca está ligado ao fato de eles terem entendido os consumidores chineses e tê-los aceitado. "Eles superaram o medo de mexer nos preços e se tornaram parte da sociedade. Os chineses podem experimentar os produtos, viver aquilo, e o estilo de vida se torna uma inspiração."




Yang Feifei e sua amiga estão sentadas em uma cama checando seus telefones e redes sociais. Ela tira uma foto da dupla. "Viemos jantar e agora estamos descansando", diz. "Eu tirei uma foto para colocar na internet, para meus amigos verem, porque eu achei o apartamento muito bonito."



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