Eles vivem de inventos

Eureca! Quem conseguiu transformar protótipos em negócios rentáveis


Em cada canto do Brasil há um professor Pardal. Mas é raro quem leve sua ideia à frente e a registre. Segundo o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, até novembro de 2010, houve 13 mil pedidos de patente — três mil de pessoas físicas. E é raríssimo quem torna seu invento um produto de sucesso. Nas próximas páginas, você irá conhecer seis histórias de inventores que conseguiram transformar suas criações em prósperos empreendimentos. São homens de formações muito diversas, que, de um estalo ou de uma longa experiência, souberam perseguir o seu sonho. Até que virasse realidade.


Toque terapêutico

Júlio Abel Segalle, 67 anos, médico cirurgião

MOUSE ORTOPÉDICO > É capaz de adquirir seis formatos e permite que as mãos trabalhem relaxadas

“Empreendedor, eu?”, questiona o cirurgião Júlio Segalle. Ele não pensa em si próprio como dono de um negócio, mesmo considerando que sua invenção, o Orthomouse, já rendeu perto de R$ 475 mil em vendas para o mundo inteiro. “Fiz um projeto médico para ajudar as pessoas e essa foi e sempre será minha motivação”, diz. O mouse ortopédico que ele criou é flexível, para que o usuário o utilize na chamada posição funcional, reconhecida mundialmente por proteger as mãos. Desde 1995 no Brasil, o argentino Segalle operou muitas vítimas de lesões causadas por mouses. “Os resultados des-ses procedimentos não eram satisfatórios e decidi que não valia a pena mais fazê-los.” Quando ganhou o seu primeiro computador, ele ficou em estado de choque. “Lembrei logo dos ensinamentos de ciência ortopédica e passei a testar moldes com diversos materiais.” O protótipo e a patente saí-ram em 1998, mas sua criação só virou produto em 2007. No primeiro mês, vendeu apenas sete uni-dades. Até outubro deste ano, o número já passava de 2.500 unidades, comercializadas por US$ 110 no exterior e R$ 190 aqui no Brasil. Além de vender pela internet, Segalle tem 24 distribuidores em 18 países.



Fora da caixa

Constantino Kostakis Junior, 45 anos, publicitário

EMBALAGEM DE PIZZA TRANSFORMER > As embalagens têm picotes para que sejam destacadas e utilizadas para montar miniaturas de vários objetos

Enquanto comia pizza com a família em Campos do Jordão (SP), o paulistano Constantino Kostakis olhou para seu filho pequeno, entretido com miniaturas de dinossauros, e pensou: “Bem que essas embalagens poderiam trazer brinquedos descartáveis”. A ideia resultou, em 2006, no pedido de pa-tente para a caixa transformer, capaz de virar dinossauro, árvore de Natal, carro e outras pequenas criações. Depois de dois meses, Kostakis testou a invenção em uma pizzaria perto de casa. “Con-segui vender cinco mil embalagens”, diz. Hoje, sua empresa, a Packostakis, comercializa em média 70 mil a 80 mil delas por mês, ao preço de R$ 1,30 a R$ 2 cada — o que representa um faturamento anual superior a R$ 1 milhão. Além de trabalhar com 20 estabelecimentos, Kostakis recebe pedidos de empresas interessadas em divulgar suas marcas nas caixas. Por exemplo, um anúncio de uma agência de viagens transforma-se em aviãozinho. “Tenho uma ideia para alguma nova invenção todo santo dia”, afirma Kostakis, rindo. Há pouco, desenvolveu uma criação que batizou de Vuvuzela Bra-sileira. Trata-se de uma garrafa pet que, depois de esvaziada, funciona como a corneta que dominou a Copa de 2010. Basta apertá-la para produzir o som.



Uma visão exterior

José Antônio Leyva, 72 anos, engenheiro industrial


DETECTOR DE VAZAMENTO > Aditivos químicos marcam as falhas e sistemas líquidos ou aquosos (como radiadores), que são localizadas por luz ultravioleta

 O empreendedor José Leyva sempre ganhou a vida fabricando peças industriais. Os clientes apare-ciam em sua empresa, a PRO&IND, com os desenhos do que desejavam e ele os transformava em realidade. Até que, em 2001, Leyva começou a pesquisar sistemas de detecção de vazamentos co-muns no exterior, como os usados para ar condicionado. “Era a vez de eu criar minha própria inven-ção”, diz. Em 2004, ele requisitou a patente para o mecanismo que havia idealizado. Funciona basi-camente com aditivos químicos que são colocados em óleos lubrificantes, hidráulicos e sistemas aquosos (como radiadores) e que podem ser detectados com lanternas de luz ultravioleta — dois tipos delas também patenteados e comercializados pela empresa de Leyva. O seu invento é respon-sável por um faturamento mensal de R$ 70 mil — o que equivale a R$ 840 mil anualmente. Hoje, Leyva trabalha com 15 empresas do setor automotivo e o plano é fornecer seu sistema para projetos relacionados ao Pré-Sal. “Passamos pela primeira fase de seleção. Se conseguirmos, será um passo estratégico para o crescimento da empresa.”





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