“Nessa história, eles ficam doentes e, quando isso acontece, eles não se tornam vermelhos ou de outra cor, e sim negros. Eles perdem a inteligência e a fala e balbuciam como imbecis”, diz ele, acrescentando que isso seria uma forma de “enaltecer a pureza racial dos duendes azuis”.
‘Caricaturas antissemitas’
O escritor afirma ainda que os traços do feiticeiro Gargamel, um humano que deseja comer os Smurfs, e também sua cobiça pela riqueza representariam “caricaturas antissemitas”.
O nome de seu gato malvado, que em francês se chama “Azrael” (Cruel, na versão brasileira), tem pronúncia parecida com a da palavra Israel, diz o autor. Bueno também afirma que o Papai Smurf “se parece com Stálin”. Segundo ele, as histórias apresentam ligações com o comunismo, já que os personagens vivem em situação de igualdade.
“Na aldeia dos Smurfs não há propriedade privada e não existe dinheiro. Todas as vezes que isso foi introduzido no vilarejo, aconteceram desgraças”, afirma. As críticas em relação ao sexismo se referem ao fato de que a única mulher do vilarejo é a Smurfete, que representaria “o ideal de beleza ariano”.
“Quando a Smurfete era morena, ninguém se interessava por ela. Depois se tornou loira e passou a fazer sucesso”, diz Bueno. O escritor ressalta, no entanto, que o objetivo do criador dos Smurfs, o ilustrador Peyo, não era fazer esse tipo de associação ligada a questões raciais ou políticas.
“Peyo era pouco politizado e não era partidário de extremismos. Mas a maneira como ele concentra os esteriótipos revela várias coisas sobre sua época.”
Estereótipos
Segundo o escritor, Peyo seria um vanguardista em relação ao marketing. “Quando se quer agradar um grande número de pessoas, é preciso utilizar códigos que o público conhece”, diz Bueno, afirmando que seu livro permite refletir sobre como os estereótipos funcionam até hoje, mesmo em “obras inocentes”.
“Minha iniciativa é simplesmente a de continuar a se divertir com os Smurfs, mas de forma diferente. Podemos nos divertir como crianças ou como adultos, destrinchando o conteúdo”, diz Buéno, que afirma não criticar o ilustrador belga. Após a morte de Peyo, em 1992, seu filho, Thierry Culliford, passou a participar da criação dos novos álbuns de histórias.
Buéno diz que as novas obras dos Smurfs, criadas pelo filho, abordam temas atuais da sociedade, como a religião e o papel das mulheres. O Pequeno Livro Azul foi publicado pouco antes do lançamento do filme Os Smurfs, que chega aos cinemas franceses e brasileiros no início de agosto.
Fonte:
2 comentários:
Por isso que drogas deveriam ser proibidas, autor viajou legal (do livro).
Racismo eu sempre digo:
100% preto pode, mas...
100% branco é racismo.
"Ameaças físicas por e-mail". Isso é que é vida!
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