Kombi, o automóvel do futuro


A nova versão de um dos automóveis mais antigos do mundo





A Kombi é um dos automóveis mais antigos em produção no mundo. Nasceu em 1950 e continua sendo fabricada no Brasil, sem grandes mudanças. No filme de animação Carros, de 2006, faz o papel de um hippie fumante, e isso resume a imagem que o mundo tem dela: um modelo parado no tempo e sem muito constrangimento de enfumaçar o ar. Tudo diferente do carro conceito apresentado na semana passada no Salão de Genebra, na Suíça, que fica aberto ao público até 13 de março. Chamado de Bulli (nome que a primeira Kombi recebeu na Alemanha), é um utilitário com motor elétrico. A Volkswagen considera em fabricá-lo, mas ainda não se decidiu.

Como marketing, é uma bela tacada. A Kombi é reconhecida na rua mesmo por gente que não liga para carro. O que era anacronismo virou carisma. Nos Estados Unidos, paga-se caro para restaurar as que já existem, uma vez que a importação de novas unidades é proibida por leis ambientais e de segurança. A pintura saia e blusa (em duas cores) do Bulli repete o antigo modelo, assim como o banco da frente, com lugar para três passageiros. Na Kombi, o motorista precisa pedir licença para trocar as marchas, já que a alavanca de câmbio divide espaço com as pernas do carona. O novo modelo não tem câmbio, por usar motor elétrico. O motorista pede licença apenas para operar a tela de iPad, no centro do painel, que controla as funções do carro e exibe filmes.

O Bulli é, como a Kombi, um animal de carga, que a indústria chama de furgão. É mais curto que sua antecessora, mas não tem motor ocupando a parte de trás. Nem a da frente: como o motor elétrico fica sob o piso do carro, o motorista terá a sensação familiar (para quem tem uma Kombi) de dirigir um carro sem nariz, com um espaço vazio diante dos pés. No Bulli cabem seis passageiros, em duas fileiras – três a menos que antes. Mas as famílias estão encolhendo e, em breve, o carro para seis será um lotação. Baixando os bancos do Bulli, a capacidade de carga sobe para 1.600 litros.

Lançar uma Kombi movida a eletricidade ajuda na evolução da indústria em direção a combustíveis menos agressivos ao meio ambiente. O motor elétrico não polui o ar, é silencioso e tem custo por quilômetro rodado sete vezes menor que o motor a explosão. Mas as baterias para acioná-lo ainda pesam tanto quanto o carro, levam pelo menos uma hora para recarregar e têm autonomia máxima de 300 quilômetros. Isso leva a uma questão Tostines: como o carro elétrico não está maduro, ninguém põe à venda. Como ninguém compra, falta dinheiro para investir em melhoria dos modelos. Começar uma frota de serviço, que trabalha com deslocamentos menores e tem horário fixo para parar e reabastecer, pode resolver o impasse. Parece contraditório ver a Kombi como um carro do futuro. Não é. Sua proposta original, rabiscada numa agenda em 1947, continua vanguardista: um carro que fosse capaz de transportar o equivalente ao próprio peso. Eficiência é isso.





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