Campeões mundiais deixam a tradição no vestiário e fazem jogo arrastado. Henry e Loco Abreu entram no segundo tempo, mas não salvam as pátrias
Henry entrou no segundo tempo, mas não conseguiu tirar a França do 0 a 0 (Foto: Agência Reuters)
Tirando a tradição, sobrou pouco. França e Uruguai estrearam na Copa da África do Sul nesta sexta-feira, mas esqueceram no vestiário o status de campeões mundiais. O jogo arrastado e repleto de erros no estádio Green Point, na Cidade do Cabo, terminou com o placar que mereceu: 0 a 0. Cercados de desconfiança às vésperas da competição, franceses e uruguaios abriram os trabalhos fazendo muito pouco para mudar a opinião de suas torcidas. Nem Thierry Henry e Loco Abreu, lançados na fogueira do segundo tempo, conseguiram salvar as pátrias
(veja no vídeo os - poucos - melhores momentos).
O técnico francês Raymond Domenech só atendeu aos pedidos da torcida aos 27 minutos do segundo tempo e lançou Thierry Henry. O atacante, no entanto, produziu pouco e não conseguiu tirar o zero do placar. O mesmo valeu para o uruguaio Loco Abreu, que defende o Botafogo. Ele pouco apareceu após substituir Suarez aos 29. O Uruguai ainda teve Lodeiro expulso aos 36, apenas 18 minutos depois de entrar em campo.
A Celeste volta a campo no dia 16, contra a África do Sul, enquanto os Bleus encaram o México no dia seguinte. Sul-africanos e mexicanos também empataram na estreia, mas lideram o grupo A porque cada um fez um gol.
O Green Point, que foi construído especialmente para a Copa do Mundo e engoliu quase R$ 1 bilhão nas obras, só ficou lotado em cima da hora nesta sexta-feira. Entre os 64.100 torcedores, a maioria era de franceses, que encheram os pulmões para cantar o hino.
O jogo
Quando a bola rolou, não houve muito motivo para euforia. O primeiro tempo se arrastou de forma monótona, com raríssimas chances de gol nos dois lados. Vestindo branco, os Bleus tomaram a iniciativa e tiveram a primeira oportunidade com Govou, que completou um cruzamento rasteiro na pequena área, na frente do goleiro Muslera, mas mandou para fora.
A resposta celeste veio com Forlán, que cortou para a direita e bateu forte da entrada da área, em cima de Lloris. Onipresente, o atacante uruguaio voltava para buscar jogo, batia faltas e concentrava todas as ações. Apesar dos erros de passe, acabaria eleito pela Fifa o melhor da partida.
O grande lance da primeira etapa foi uma defesa espetacular de Muslera, que foi buscar no ângulo uma falta cobrada por Gourcuff. Fora isso e dois balões de ar que caíram no campo e estouraram com pisões de Lloris, os únicos momentos notáveis foram os cartões amarelos para os franceses Ribéry e Evra, ambos pelo mesmo motivo: puxar um adversário.
Aos 40 minutos, a torcida percebeu que era melhor se divertir sozinha e começou a fazer uma "ola". Era mesmo a hora de ir para o intervalo.
Trocas praticamente inúteis
O segundo tempo começou do mesmo jeito, enquanto Henry aquecia de um lado e Loco Abreu, do outro. Até os 17 minutos, nada de relevante aconteceu. Com o estádio em silêncio, Toulalan deu uma entrada dura em Pereira e levou cartão amarelo. Velho conhecido dos brasileiro, o zagueiro Lugano foi tirar satisfações e esquentou o clima.
Diante da monotonia, começaram as trocas. A Celeste lançou Lodeiro no lugar de Gonzalez e Loco Abreu no de Suarez. Mas a torcida vibrou mesmo, como se fosse um gol, quando Henry tirou o agasalho e substituiu Anelka aos 26. Malouda também entrou no lugar de Gourcuff.
Lodeiro só ficou 18 minutos em campo. Foi o suficiente para fazer duas faltas duras, levar um amarelo e um vermelho. Aos 36, encerrou sua estreia na Copa e deixou o campo com as mãos na cabeça, desconsolado.
Um minuto depois, com a França toda no campo de ataque, Henry teve sua primeira chance. O atacante aproveitou a não marcação de um impedimento e cabeceou com perigo para fora. Logo em seguida, ganhou a companhia de Gignac, que substituiu Govou.
Loco Abreu foi lançado no segundo tempo, mas não conseguiu ajudar o Uruguai (Foto: Agência Reuters)
Desinteressado no jogo, o Uruguai ainda ganhou tempo com a entrada de Eguren no lugar de Perez. Aos 43, o toque de ironia. Henry, que classificou a França para a Copa usando a mão na jogada do gol contra a Irlanda, reclamou de um toque de mão do uruguaio Victorino. O zagueiro, contudo, estava com o braço junto ao corpo, e o juiz mandou o jogo seguir.
A torcida ainda se animou para dois últimos suspiros. O escanteio cobrado por Malouda foi afastado pela zaga. No último minuto, Diaby sofreu falta na entrada da área. Após Lugano receber um cartão amarelo por retardar a cobrança, Henry foi para a bola, mas Loco Abreu, na barreira, desviou afastando o perigo.
E a estreia dos dois campeões mundiais terminou mesmo com um empate melancólico.
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