Na primeira semana, estrela da Copa está sentada no banco: Maradona

Sem muito brilho dos craques com a bola nos gramados, técnico da Argentina rouba a cena na África do Sul e vira centro das atenções

Maradona tira o fone de ouvido em coletiva. Ele tem feito caras e bocas na África do Sul (Foto: Reuters)


A estrela da Copa do Mundo veste a camisa 10 argentina. Não, (ainda) não é Lionel Messi, eleito pela Fifa o melhor jogador de 2009. Diego Maradona, o “D10s” dos hermanos, chamou a atenção para si e roubou a cena na primeira semana do Mundial na África do Sul. Sentado no banco - de reservas ou de salas para entrevistas coletivas -, o Pibe tem brilhado mais que os craques que desfilam no gramado de chuteiras.




 
 
Em duas rodadas, Messi teve boas atuações e foi decisivo nas vitórias por 1 a 0 sobre a Nigéria e 4 a 1 sobre a Coreia do Sul, mas não balançou a rede. Cristiano Ronaldo e Kaká, os vencedores do prêmio da Fifa em 2007 e 2008, também passaram em branco. O português ainda acertou a trave contra a Costa do Marfim, enquanto o brasileiro foi mal contra a Coreia do Norte. Maradona não joga, mas sabe fazer o jogo da Copa do Mundo.



O Pibe costuma fechar os treinos à imprensa e só libera a entrada dos jornalistas faltando 15 minutos para o término. Tempo suficiente para dar seu show. Gesticula, faz careta, mas não mostra o time. Até brinca com os repórteres, a quem um dia chegou a xingar (“Que sigan chupando”, lembram?). Na terça, um deles vestia um casaco colorido. Maradona se ajoelhou no gramado e implorou brincando: “Tira essa m.” A foto correu o mundo: “D10s” rezando para os céus. Na quarta, até cantou parabéns para um dos antigos desafetos.


Maradona beija Messi no gramado: relação de irmão mais velho com os jogadores (Foto: AP)


Entre uma graça e outra com a imprensa, cria polêmicas. Tira a atenção de cima de Messi e cia. O alvo preferido nas coletivas é Pelé. Platini também foi atacado, mas depois escreveu uma carta ao argentino se explicando e ganhou um pedido de desculpas. O Pibe já citou o Rei três vezes em coletivas, sempre com ironias e até ofensas: Disse que “o senhor mulato que vestia a 10” não queria a Copa na África do Sul, que deveria voltar ao museu e que não iria pedir desculpas.



- Ele faz essas coisas de propósito, para a pressão ir para cima dele. É para proteger os jogadores, principalmente Messi. Diego sabe que todos olham para Messi com uma lupa. Ele atrai a atenção e deixa Messi só preocupado em jogar bola – disse o jornalista argentino Miguel Angelo Rubio, que acompanha a “albiceleste” no Mundial.



- Messi pode fazer cinco gols em um jogo. Mas, depois, se Maradona falar algo como "Pelé volte ao museu", a manchete será dele. Maradona gosta de aparecer, ser o centro. Isso acaba tirando a pressão dos jogadores - concordou o mexicano Fernando Torres, do canal Televisa.



Nas partidas, o técnico também gosta de aparecer. E as câmeras gostam que ele apareça. Antes da estreia, entrou em campo de agasalho, foi para perto da torcida e fez a festa dos fotógrafos ao mandar beijos para o netinho. Depois, voltou na hora do hino de terno cinza, mais fotos. Para dar instruções, entrou até no campo. Saudades das chuteiras?



- Maradona não parece um técnico, daqueles velhos, parece um jogador. Parece mais um companheiro do que um chefe. Fabio Capello, Marcello Lippi são diferentes, mais distantes. Ele é próximo dos atletas, como um irmão mais velho – comparou o repórter italiano Claudio Raimond, da Mediaset.

Na época que vestia a 10, Maradona disputou quatro Copas, ganhou uma como protagonista e escreveu seu nome na história do futebol. Os torcedores o idolatram, a desconfiança sobre seu trabalho como treinador começa a sumir com o bom início de Mundial. Mais maduro, de barba e tudo, Diego tem mudado. Demonstra mais responsabilidade, fugiu das confusões envolvendo drogas e mulheres. Tenta ser um exemplo para seus comandados.



- Não sei o quanto cresci desde que virei treinador. Sempre estou à disposição dos jogadores. Durante esse tempo observei um monte de coisas, me informei, olhei tudo, aprendi muito. Estamos vivendo um momento lindo – disse o Pibe após a goleada de 4 a 1 sobre a Coreia do Sul.



Maradona pode até chamar a responsabilidade, tentar tirar a pressão de cima dos seus “muchachos”. Mas ele sabe que depende de Messi, principalmente, para levantar a taça mais uma vez. E já falou que o craque do Barcelona é a esperança da seleção. A torcida também espera mais de Messi, porém confia na magia do eterno camisa 10. Há mais faixas e bandeiras com o nome e desenho do técnico do que do “Messias”.



Há mais faixas para Maradona na torcida argentina do que para Messi (Foto: José Gonzalez)


A bola também parece ter saudade do seu antigo namorado. No Soccer City, chegou a procurá-lo, caiu em seus pés na beira do gramado contra os sul-coreanos. Ganhou um carinho e voltou para o campo. Maradona seguiu no banco, de terno, sapato e barba. Pronto para mais uma foto.


 
 
 
 
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