Rappa volta aos palcos nesta sexta-feira e anuncia álbum novo para 2012






Papo vai, papo vem, o guitarrista Xandão aparece com uma sugestão para o título do próximo disco do Rappa, a ser lançado no final do ano que vem: "Voltamos para fazer o mundo acabar." É uma daquelas ideias que não provocam nada além de risos entre os músicos - mas que refletem o atual momento do grupo:


- A melhor coisa de parar é voltar - reconhece Xandão.

E O Rappa está de volta. Dois anos após o seu último show (em Ilhéus), o grupo decidiu encerrar as férias e encarar uma nova turnê, chamada "Valeu a pena" - trecho de um de seus maiores sucessos, "Pescador de ilusões", e referência à longa espera. Em princípio seria apenas um show, neste sábado, na Marina da Glória. Mas a procura foi tanta que os ingressos se esgotaram rapidamente, e uma noite extra foi aberta para esta sexta-fgeira. A volta do Rappa vem mobilizando os fãs há semanas nas redes sociais. E deve atrair um total de 30 mil pessoas (até o início da tarde de ontem havia poucos ingressos para o show de hoje). Um mar de gente, como diz outra das canções do Rappa.


O plano da banda, segundo o vocalista, Falcão, era parar em 2010, pelo período de um ano - por sinal, um ano de eleições e Copa do Mundo. Um nome do futebol serviu como motor da decisão.
- Pensávamos que, se era para parar, tinha que ser no topo, como o Pelé. A gente estava vendendo discos e tinha shows lotados, mas não a paz para fazer o que qualquer pessoa normal faz. E isso foi nos afetando - diz Falcão.


- Chegou o momento em que a gente precisou se reciclar, ler, ver shows, ir à padaria, à farmácia... - acrescenta Lauro, o baixista.


Cada um foi então cuidar da vida. Falcão, por exemplo, aproveitou para fazer shows com os Loucomotivos, uma espécie de banda de bailes que ele tem com o rapper BNegão, o tecladista João Fera (dos Paralamas do Sucesso) e o baixista Bino Farias (do Cidade Negra). O tecladista e baterista Marcelo Lobato foi cuidar do Africa Gumbe (projeto que toca com o irmão Marcos, músico de apoio do Rappa) e fazer shows com a cantora Silvia Machete. O que rendeu uma experiência curiosa.


- Quando estava no palco, sem roadie, desmontando eu mesmo o meu equipamento, me lembrei do começo do Rappa - diz.


Enquanto isso, Lauro se enfurnou no estúdio e gravou um disco solo ( "Tem umas músicas muito boas, viajandonas, com melodia", elogia Lobato). E Xandão passou seu tempo produzindo bandas independentes em Curitiba, onde mora. O guitarrista foi o que mais sentiu a parada do Rappa.


- Todo fim de semana você ia para a estrada. Essa é uma rotina a que você se acostuma. Três meses depois que a gente parou, me deu uma impaciência muito grande em casa. Comecei a chutar o cachorro! - brinca.

Para surpresa da banda, mesmo sem fazer shows, seus discos e DVDs continuaram bem. O álbum "7 vezes", de 2008, chegou a vender 120 mil cópias. E "Ao vivo", que eles gravaram em agosto de 2009, na Rocinha (mas que só chegou às lojas no ano seguinte), vendeu 80 mil cópias entre CDs e DVDs, sem trabalho promocional do grupo.


- O DVD da Rocinha foi nosso alento nessa época sem tocar. Ele chegou às pessoas como se fosse o nosso show - conta Lobato.


Segundo Falcão, a volta do Rappa nasceu da forma mais casual possível: um e-mail que ele mandou para Xandão sugerindo: "E aí, vamos conversar?". Assim, duas semanas atrás, num estúdio carioca, a banda quebrou seu jejum de ensaios que também durava dois anos.


- A vontade de tocar era tão grande que a gente só se freava para lembrar o começo e o final de algumas músicas - conta o vocalista.


- O Lauro trouxe duas caixas de som. Pedimos pra ele ligar só uma, porque o lugar era pequeno. Na segunda hora de ensaio, a gente estava tão na pressão que a válvula do amplificador dele esquentou a sala e o ar-refrigerado não deu conta - ilustra Lobato.


O Rappa promete, para seu novo show, muitas músicas do disco "7 vezes" e algumas poucas de cada disco. Algo bem próximo do que mostraram no "Registro" - como se não tivesse havido interrupção alguma na carreira.


- Vendemos esse DVD mesmo estando parados. Por que não iríamos então voltar e fazer essa turnê de uma forma decente? - argumenta Falcão.


De novidades, O Rappa traz um cenário feito com madeira de caixote pelo grafiteiro Fábio Ema e o designer João Bird e uma experiência sonora pouco comum em palcos brasileiros: uma simulação de som surround, com cinco grupos de caixas de som que serão distribuídas pela frente e pelas laterais do palco. No comando da parafernália, o técnico de som e produtor da banda Ricardo Vidal, que promete surpreender a plateia com o ataque dos dubs e demais efeitos sonoros.


- É para o pessoal levar susto, sem saber de onde vem o som - diz o operador de mesa, que trabalha há 16 anos com a banda.


Depois dos shows de São Paulo (dias 28 e 29, no Via Funchal), a banda volta ao estúdio para ver o que cada um compôs e começar a estruturar seu novo CD - o tal que vai fazer o mundo acabar.


- Nós vamos fazer um disco de uma forma que nunca fizemos. Por exemplo: as músicas do Laurinho, a gente sempre fazia junto. Ele vinha com o começo e a gente acabava. Agora, não, vamos ter músicas dele inteiras. Nos outros discos, a gente sempre começava do zero. Neste, o que não falta é material dos quatro - diz Xandão.


E, para garantir a tranquilidade das gravações, O Rappa planeja manter no ano que vem uma agenda de shows bem folgada.


- A gente já foi desses caras de quinta-sexta-sábado-e-domingo. Agora deixa isso pro (MC de funk Mr.) Catra, pro Belo. Pra gente, não dá mais - desabafa Falcão.

"Voltamos para fazer o mundo acabar" - ou seja lá como se chame o novo álbum de inéditas do Rappa - será o último disco do grupo em seu contrato com a Warner. Questionado sobre o futuro, Falcão sai pela tangente.

- O primordial agora é pegar esses sete discos que a gente tem, dar de presente para o público e virar uma página. Sinto que o que vem por aí será sinistro!




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